Especialistas criticam governo do Rio pela falta de isonomia ao pagar seus servidores

Servidora há 19 anos do Teatro Municipal do Rio, a percussionista Edmere Sales Ferreira, de 41 anos, carrega em uma das mãos, com muito orgulho, seu pandeiro sinfônico, um dos seus instrumentos de trabalho. Na outra mão, com muita tristeza, ela leva o bolo de contas vencidas que estão sendo cobradas nos últimos dias. Como é servidora da Cultura, Edmere está no grupo das categorias que sofrem, desde 2016, por ficar em segundo plano na ordem de pagamento do governo do Rio. Na sexta-feira, ela recebeu o salário de março (outras categorias já receberam abril) e questiona a falta de isonomia no Estado.

— O mínimo é dividir igualmente para todos. O governo não tem o direito, por Constituição, de fazer isso comigo — desabafou.

O que Edmere pede é o tratamento igualitário no pagamento dos salários entre os servidores do Executivo. Desde o fim de 2016, o governador Luiz Fernando Pezão tem priorizado setores do funcionalismo (veja as áreas abaixo). Segundo especialistas, essa previsão é inconstitucional:

— Não poderia haver essa separação de determinados servidores recebendo, e outros não. Isso é inadmissível, um desrespeito à Constituição — reforça a advogada Rita Cortez, presidente da comissão de trabalho sindical da OAB/RJ.

Para o advogado Jerson Carneiro, professor de Direito Administrativo e Gestão do Ibmec/RJ, a situação requer questionamentos na Justiça:

— O servidor deve procurar a Justiça para ter o seu direito respeitado. Não somente ao salário em dia, mas também à igualdade.

Depoimento

Edmere Sales Ferreira

Percussionista estatutária do Teatro Municipal do Rio

‘Andar com fé eu vou, e ela não vai falhar'

Como o governo pagou março, peguei o meu bloco de contas e fiz um apanhado de quanto eu devo. Hoje, somando as despesas acumuladas de dois meses, eu devo R$ 12 mil. Tem aluguel, condomínio, luz e telefone. Não tem como não se desesperar. Nessas horas lembro da letra com esperança: andar com fé eu vou, e ela não vai falhar.

 

Fonte: Extra

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