Troca de empresa gestora do sistema do consignado da Prefeitura do Rio acende alerta entre servidores

O Movimento Unificado em Defesa do Serviço Público Municipal do Rio (MUDSPM) solicitou uma reunião com o prefeito Marcelo Crivella e com a Secretaria Municipal de Fazenda para discutir a mudança da empresa que gere o sistema do empréstimo consignado do município.

O sinal de alerta acendeu para as entidades porque a minuta do novo contrato de prestação do serviço, a ser feito pela empresa Neoconsig, possui uma cláusula qupermite à empresa cobrar 1% da arrecadação das entidades de classe sobre valor total do relatório de repasse pela prestação do serviço de desconto em folha. Nos bastidores, essa cobrança está sendo chamada de "tarifa Crivella”.


Essa incidência será feita sobre a receita dos valores arrecadados pelas entidades com contribuições sindicais e associativas, planos de saúde, assistência jurídica, seguros e outros — e que são pagos pelos servidores. O contrato foi firmado pela Agência de Fomento do Município, Fomenta Rio, vinculada à Fazenda.

Os integrantes do MUDSPM, que reúne diversas entidades que representam os servidores municipais, encaminhou um ofício para a prefeitura alegando que tal desconto vai abalar as finanças das entidades, que são organizações sem fins lucrativos.

E ainda, os servidores lembram que a medida descumpre a Lei Orgânica do Município, no parágrafo 4º do artigo 187, que diz que a administraçao municipal não deve cobrar das entidades de classe por serviços realizados para o desconto em folha.

— A empresa que estava gerindo o sistema, a Comtex não cobrava esse repasse de 1%. A própria Lei Orgânica fala que a prefeitura tem que fazer esse serviço sem cobrar. Então quando vimos essa minuta do contrato, nos assustamos, porque será um custo que a gente não tinha, dependendo da entidade, isso vai representar cinco, 10 mil reais, e vai quebrar o caixa da instituição — comentou Luiz Antônio Barreto, presidente do Sindicato Carioca dos Fiscais de Rendas (Sincaf).

Ulysses Silva, conselheiro do Conselho de Administração do Previ-Rio defende a retomada da prestação dos serviços de consignação por instituições da própria prefeitura, como já ocorreu no passado:

— Hoje Previ-Rio e IplanRio juntos dispõem de soluções para serviços muito mais elaborados do que este. Nada justifica a terceirização. No âmbito da administração pública, temos maior segurança na gestão de nossos dados. Além disso, mais do que nunca, é muito importante que as divisas geradas por este serviço ajudem a financiar os benefícios dos próprios servidores em vez de privilegiar injustificadamente uma empresa privada.

Questionada, a Secretaria Municipal de Fazenda disse, em nota, que a Fomenta Rio vai realizar uma consulta à Procuradoria-Geral do Município, por se tratar de uma questão jurídica e "quando o processo retornar, prosseguirá da forma que se demonstrar mais adequada", informou no comunicado.


Fonte: Extra

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