Maia
cobra na Justiça dívida do Pan
Do:
Jornal do Brasil
RIO - As contas dos Jogos Pan-Americanos 2007 vão
parar na Justiça. A prefeitura reivindica do comitê
organizador da competição, Co-Rio, o pagamento
de R$ 8 milhões referente a despesas extras bancadas
pelos cofres municipais para garantir a realização
do evento, cujo orçamento original sofreu estouros
sucessivos. Somente a prefeitura gastou cerca de R$ 1,4
bilhão.
Em
nota, o Co-Rio negou responsabilidade em relação
à cobrança da prefeitura. A entidade de direito
privado, presidida por Carlos Arthur Nuzman, que também
comanda o COB (Comitê Olímpico Brasileiro),
o Co-Rio informou que, de acordo com apuração
dos balanços e demonstrativos de resultados, a entidade
é credora do município. O comitê alega
que ainda aguarda o pagamento de convênios firmados
com a prefeitura por ocasião dos jogos.
Autorizada
pelo prefeito Cesar Maia, que deixará o cargo no
próximo dia 31, a Controladoria-Geral do Município
vai incluir o Co-Rio na dívida ativa.
–
Há um contrato com obrigações, direitos
e deveres. Neste contrato, a prefeitura tem direitos. Chegamos
a um saldo de R$ 13 milhões. O Co-Rio recalculou
e passou para R$ 8 milhões. Aceitamos, mas não
pagaram. A prefeitura tem obrigação de inscrever
em dívida ativa – explicou Maia, que ainda
ironizou a nota da entidade. – Para quem aplicou R$
1,4 bilhão, só rindo.
No
total, os governos federal, estadual e municipal repassaram
R$ 3,7 bilhões para garantirem a realização
do Pan-Americano _ 793,72% a mais do que o previsto em 2002,
quando a cidade ganhou o direito de sediar a competição.
No
ano em que o Rio conquistou o direito de sediar o Pan, os
governos registraram que gastariam apenas R$ 414 milhões.
O principal pagador dos Jogos foi o governo federal, que
gastou R$ 1,8 bilhão. Pelo orçamento inicial,
a União não desembolsaria nem sequer 8% disso
_R$ 140 milhões.
A
prefeitura é a primeira entre os entes governamentais
a cobrar na Justiça uma dívida deixada pelos
organizadores dos Jogos cariocas. Apesar de exigir o pagamento
dívida, o prefeito do Rio não quis especificar
os serviços cobrados pela prefeitura na conta enviada
ao Judiciário. Já o Co-Rio não informou
o valor do seu crédito junto ao município
em seu comunicado.
A
troca de acusações entre Maia e Nuzman acontece
em meio à disputa do Rio para abrigar os Jogos Olímpicos
de 2016. A cidade brasileira concorre com Madri, Chicago
e Tóquio. A escolha do COI (Comitê Olímpico
Internacional) será em outubro do próximo
ano.
O
prefeito, no entanto, diz não temer que possa interferir
na corrida pela Olimpíada. "Não creio
[que afete], pois uma coisa nada tem a ver com outra'',
disse Maia.
Desgaste
Cesar
Maia admitiu que a bilionária conta do Pan atrapalhou
os últimos anos de mandato. Em entrevista à
Folha de S.Paulo, no domingo, disse: "Do ponto de vista
da ação do governo, foi o elemento de desintegração
da imagem".
Ele
diz ter sido obrigado a deslocar os investimentos para bancar
o evento. "Perdemos qualidade, o que permitiu que a
crítica ao governo, injusta, fosse absolutamente
certa. A imagem [ruim] estava construída."
O
presidente do Co-Rio, Carlos Arthur Nuzman, não fez
comentários.
(Com
Agência Folha)
Fonte:
www.jb.com.br |