Mais
isentos em 2009
Governo
estuda novas alíquotas do Imposto de Renda e correção
de até 7% na tabela do IR
BRASÍLIA - Diante do agravamento da crise financeira
internacional e dos seus reflexos na economia brasileira,
o governo estuda novas medidas para aliviar o bolso do
trabalhador e estimular o consumo. Nos próximos
dias deve ser anunciado um alívio na mordida do
Leão do Imposto de Renda. A expectativa é
que a correção da tabela chegue a 7% no
ano que vem, o que isentaria salários até
R$ 1.468,91. Outra possibilidade é criar novas
alíquotas do IR, todas abaixo do teto atual, de
27,5%.
Ontem,
representantes das centrais sindicais participaram de
almoço com o ministro da Fazenda, Guido Mantega,
que confirmou estudos envolvendo o Imposto de Renda. Mantega
não falou em números, mas os sindicalistas
defendem que a correção chegue a 7% —
para repor as perdas com a inflação. Por
enquanto, está garantido o ajuste de 4,5%, definido
em lei, anualmente, até 2010. A criação
de novas alíquotas (10% e 25%) permitiria elevar
o universo de contribuintes isentos do recolhimento do
IR.
De
acordo com o presidente da CUT, Arthur Henrique da Silva
Santos, Mantega informou que a proposta de alívio
no IR ainda depende do aval do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, o que deve acontecer nos próximos
dias. “Queremos a correção, no mínimo,
pela inflação”, advertiu Arthur Henrique.
De janeiro a novembro, a inflação pelo INPC
acumulou 6,15%. Em 12 meses, até novembro, registra
7,2%.
MINIPACOTE
TRIBUTÁRIO
O
Ministério da Fazenda já teria praticamente
pronto um minipacote de bondades tributárias para
anunciar nesta semana. Contemplaria, além da correção
da tabela do IR, a redução do Imposto sobre
Operações Financeiras (IOF), o que estimularia
a concessão de crédito, e do Imposto sobre
Produtos Industrializados (IPI) em setores, como o de
automóveis, um dos mais afetados pela crise internacional.
As
novas medidas devem ser debatidas hoje, no Palácio
do Planalto, durante encontro do presidente Lula com líderes
empresariais.
PRESIDENTE
LULA FARÁ APELO CONTRA DEMISSÕES
O
vice-presidente da República, José Alencar,
antecipou que o governo fará hoje um apelo aos
empresários para que não demitam funcionários
por causa da crise financeira mundial.
Após
participar da entrega de prêmio da Finep (Financiadora
de Estudos e Projetos), no Palácio do Planalto,
ele foi claro: “Queremos solicitar e alertar que
esses ajustes não podem começar pela dispensa
de um pai de família. É preciso que as empresas
façam todo o possível para, em último
extremo, dispensar pessoas”.
Sobre
redução de impostos, Alencar afirmou que
o governo estuda a possibilidade, desde que não
afete o equilíbrio orçamentário:
“O ministro da Fazenda (Guido Mantega) está
examinando com carinho, levando em conta que não
podemos brincar com o orçamento fiscal. A questão
fiscal tem que ser equilibrada, porque é fator
de controle da inflação. Se houver um déficit
orçamentário ou fiscal, isso pode prejudicar
a sustentação brasileira de combate à
inflação”.
O
presidente Lula tem pedido insistentemente aos empresários
para que não desistam de investimentos devido ao
temor dos impactos da crise. A preocupação
é que os problemas ultrapassem o mercado financeiro
e afetem a economia real.
Desemprego
e o FGTS preocupam
O
presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira
da Silva, o Paulinho, cobrou do governo medidas para a
garantia do emprego em 2009. Segundo ele, se o Planalto
não der logo uma sinalização concreta,
haverá um “grande tsunami” de desemprego
no início do ano que vem. Paulinho também
defendeu a correção da tabela do Imposto
de Renda e a ampliação de cinco para 10
do número de parcelas do seguro-desemprego.
O
deputado classificou de loucura a proposta de empresários
de suspender o recolhimento do FGTS como forma de garantir
o emprego. Advertiu que a medida mexeria nos direitos
dos trabalhadores e jamais teria o apoio das centrais.
O metalúrgico José Lopes Feijóo,
da Executiva da CUT, também criticou: “É
o limite da cara-de-pau”. E avisou que, se a proposta
fosse posta em prática, haveria greve geral.
Presente
ao encontro com sindicalistas, o secretário-geral
da Presidência, Luiz Dulci, disse que o BNDES vai
estudar proposta das centrais de atrelar a concessão
de crédito à manutenção do
emprego pelas empresas. Ele telefonou para o presidente
do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social, Luciano Coutinho, para agendar reunião
com sindicalistas, ainda sem data. Segundo Dulci, o esforço
do governo é para garantir o emprego: “O
presidente Lula é interessado que as reivindicações
sejam analisadas”.
Fonte:
www.odia.com.br