Alívio
no IR e na compra do carro
Novo
pacote anticrise diminui o apetite do Leão e reduz
o IPI de veículos zero. Empréstimos também
estão mais baratos
BRASÍLIA - O governo anunciou ontem novas medidas
para enfrentar os efeitos da crise financeira internacional
e injetar no mercado quase R$ 8,5 bilhões para
elevar o consumo, manter a economia aquecida e conter
o desemprego. O pacote envolve mudanças no Imposto
de Renda e na cobrança de impostos sobre veículos
e na concessão de empréstimos.
A
maior novidade é um alívio no bolso dos
24 milhões de brasileiros que pagam Imposto de
Renda. A partir de 1º de janeiro, o IR passará
a ter duas novas alíquotas, de 7,5% e 22,5%, somando-se
às atuais, de 15% e 27,5%. Foi mantida a correção
da tabela em 4,5%, reajuste já previsto em lei.
Em 2009, estará isentos da mordida do Leão
quem ganha salários de até R$ 1.434.
Só
com o IR, a renúncia fiscal chega a R$ 4,9 bilhões.
Na opinião do tributarista Fábio Alexandre
Lunardini, do escritório Peixoto e Cury Advogados,
a mudança beneficia principalmente as faixas de
renda mais baixas.
Também
foi anunciada redução das alíquotas
do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) sobre
automóveis, medida que vale de hoje a 31 de março.
Os modelos chamados populares (até 1 mil cilindradas)
terão a alíquota zerada — hoje, pagam
7,5%.
Para
veículos de 1.100 a 2 mil cilindradas, a alíquota
cai de 13% para 6,5%, no caso dos movidos a gasolina,
e de 11% para 5,5%, a álcool ou flex. Acima de
2 mil cilindradas, a alíquota fica em 25%. Com
a alíquota zero, um carro 1.0 que custava R$ 23.470
terá o preço reduzido para R$ 21.827 —
menos R$ 1.643.
Outra
medida é a redução de 3% para 1,5%
da alíquota do IOF (Imposto Sobre Operações
Financeiras), cobrado das pessoas físicas na contração
de financiamentos. No entanto, a alíquota extra
de 0,38% sobre os empréstimos está mantida.
Com a decisão, a alíquota do IOF volta ao
nível de 2007. Em janeiro deste ano, havia sido
elevada a 3% como forma de compensar parte das perdas
de arrecadação com o fim da CPMF (Imposto
do Cheque).
MANTEGA
AVISA QUE ARSENAL NÃO ESTÁ ESGOTADO
Após
o anúncio do pacote que prevê renúncia
fiscal de R$ 8,4 bilhões, o ministro da Fazenda,
Guido Mantega, avisou que o arsenal de medidas do governo
contra a crise não está esgotado. “Certamente,
novas medidas serão tomadas para resolver outros
problemas”.
O
ministro deixou claro que, em janeiro, deverão
ser divulgadas outras ações para aliviar
o impacto da desaceleração econômica.
Entre elas, o corte de despesas de custeio no Orçamento
de 2009 da União.
Mantega
disse que as medidas anunciadas ontem têm como principal
objetivo manter o poder de compra das famílias
brasileiras. Ao falar sobre o alívio do Imposto
de Renda, comentou que haverá mais dinheiro para
consumo: "Com a nova tabela, o consumidor terá
uma sobra de recursos para adquirir bens e serviços.
Essa é uma medida que estimula a demanda na economia
e alivia a carga fiscal, o que todo mundo queria".
Mantega
afirmou que as ações adotadas vão
contribuir para que o Produto Interno Bruto (PIB) do País
cresça 4% em 2009. E lembrou que o índice
não é uma projeção, mas “uma
meta que o governo vai seguir”.
Otimismo
entre empresários
As
novas medidas foram anunciadas pouco depois de reunião
do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com 29
empresários, no Palácio do Planalto. O ministro
da Fazenda, Guido Mantega, confirmou que será criada
uma comissão para discutir outras ações
anticrise.
Segundo
o empresário Jorge Gerdau, presente à reunião
com Lula, a comissão terá que definir novas
medidas com rapidez. “Há algo no forno”,
acrescentou o presidente da CNI (Confederação
Nacional da Indústria), Armando Monteiro Neto.
“Não sabemos no que vai se converter, qual
será o tamanho do pão — para não
dizer pizza”, brincou.
Os
empresários se queixaram da manutenção
da taxa de juros em 13,75%, mas deixaram o encontro otimistas,
elogiando a disposição do governo em agir
para manter o crescimento econômico.
Fonte:
www.odia.com.br