Brasil
pode adotar o serviço militar obrigatório
também para mulheres
Por: Marco Aurélio Reis
Rio
- O Brasil vai adotar serviço militar obrigatório
também para mulheres. Pelo menos essa é
a intenção das autoridades militares. A
proposta em estudo será discutida mais profundamente
após o lançamento nacional da nova estratégia
de Defesa do País, previsto para ocorrer quinta-feira.
A idéia é que novas recrutas (R$ 514 de
salário em 2009) atuem prioritariamente nos setores
administrativos, disponibilizando homens para o treinamento
militar final. Mulheres são consideradas ideais
para ações nas áreas de Saúde
e Intendência (suprimento de alimentos e outros
insumos).
A
presença obrigatória das mulheres das Forças
Armadas já é realidade em alguns países,
como Israel, cujo Exército é considerado
um dos mais humanitários do mundo. Lá elas
servem dos 18 aos 20 anos. Por aqui, o tempo de serviço
em estudo é semelhante ao cobrado dos rapazes:
até um ano, dos 18 aos 19 anos. No Brasil, os principais
defensores do serviço militar obrigatório
para moças são os ministros Mangabeira Unger,
da Secretaria de Assuntos Estratégicos, e Nelson
Jobim, da Defesa. Os dois são os principais organizadores
do plano com a nova Estratégia Nacional de Defesa.
Em
estudo há um ano e esperado desde o 7 de Setembro,
o também chamado PAC da Defesa passou por mudanças
a pedido do presidente Lula e trará novidades já
antecipadas pela coluna, como unificação
do Comando e o aumento de vagas no serviço militar
para mulheres.
Em
entrevista exclusiva, o comandante da Marinha, almirante-de-esquadra
Júlio Soares de Moura Neto, confirmou que as mulheres
estão no alvo do serviço militar obrigatório.
“Nós gostaríamos de ter gente (no
serviço militar) que veio das classes mais pobres,
da classe média e das classes ricas”, disse.
“Não se pensa que a Estratégia de
Defesa trará grandes mudanças nas estruturas.
As mulheres, hoje maioria entre os voluntários,
terão novas tarefas, novas obrigações
e terão que se adaptar às novas demandas
e necessidades”, completou.
Em
agosto, a Marinha selecionou 30 moças para servirem
como voluntárias em 2009, na graduação
de Marinheiro-Recruta. A procura foi acima da expectativa
e serviu de termômetro sobre a aceitação
do serviço obrigatório para moças.
SERVIÇO
FACULTATIVO
A
proposta de inclusão das mulheres no serviço
militar obrigatório já tem aliados, antes
mesmo da nova Estratégia de Defesa chegar ao Congresso
Nacional. O senador Romeu Tuma (PTB-SP), por exemplo,
apresentou em agosto a Proposta de Emenda Constitucional
(PEC 35/08), que pretende ampliar o serviço militar
para o público feminino, porém de forma
facultativa, não obrigatória, como estudam
as três Forças.
“As
Forças Armadas proporcionam aos seus efetivos educação
e treinamento profissional diferenciado e a possibilidade
de ascensão social”, diz Tuma. “E representam
também uma oportunidade, muitas vezes única,
de trabalho para classes sociais menos favorecidas, principalmente
mulheres jovens da periferia”, completa. A PEC ainda
está para ser votada na Comissão de Constituição,
Justiça do Senado.
SERVIÇO
VOLUNTÁRIO
Mês
passado, a Câmara dos Deputados realizou a 5ª
edição do Parlamento Jovem, que reuniu 78
estudantes do Ensino Médio, com idades entre 16
e 22 anos. Numa das sessões, foi apresentada pela
aluna do Colégio Militar de Porto Alegre (RS),
Marina Finger, 17, proposta para a criação
do serviço militar feminino voluntário.
A legislação em vigor prevê o ingresso
das mulheres nos quartéis mediante concurso público.
As vagas, em geral, são para as áreas técnicas
e administrativas.
As
mulheres passaram a ter ingresso às Forças
Armadas em 1980. A Lei 6.807/80 previu a admissão
delas no Corpo Auxiliar Feminino da Reserva da Marinha.
Para elas, no entanto, o serviço militar atual
não prevê a obrigatoriedade. Experiências
de alistamento voluntário, como a de agosto na
Marinha do Rio, sempre foram bem recebidas pelas moças.
ATO
OFICIAL NA QUINTA
A
nova estratégia de Defesa Nacional, que tem como
ponto central a reestruturação das Forças
Armadas, da indústria de Defesa e do serviço
militar, vai ser lançada oficialmente quinta-feira
pelo presidente Lula. “O Brasil vai ter um plano
de Defesa de acordo com o seu tamanho e a sua necessidade”,
disse Lula tão logo a proposta foi aprovada. A
estratégia é descrita em pouco mais de 90
páginas, que detalham 23 atos legais e administrativos
a serem apresentados ao longo de 2009. Dez desses 23 atos
sairão até março. Entre as propostas,
estão os projetos de lei que alterarão a
legislação tributária e a Lei de
Licitações para privilegiar a indústria
nacional de defesa, conforme este coluna antecipou em
setembro.
Fonte:
www.odia.com.br