Deficientes ficam sem vale
Cartões
para transporte não são emitidos por escassez
de médicos
Por: Mahomed Saigg
Rio
- A falta de médicos cedidos à Secretaria
Estadual de Transportes está deixando milhares
de passageiros portadores de necessidades especiais
a pé. De acordo com o secretário Júlio
Lopes, mais de 9 mil pedidos de emissão do Vale
Social estão parados por não haver profissionais
suficientes para analisar o grande volume de processos.
O cartão garante a gratuidade dos passageiros
com deficiências físicas e doenças
crônicas nos ônibus intermunicipais, trens,
metrô e barcas.
“Sem
médicos, não temos como dar andamento
a esses processos. Hoje, conseguimos analisar 600 casos
por mês, mas recebemos outros 2.500 no mesmo período.
Daí a necessidade de aumentar o número
de médicos”, explicou Lopes.
Uma
das vítimas desse problema é o auxiliar
administrativo José Carlos Ribeiro, que há
um ano espera o cartão de gratuidade. “Dei
entrada no pedido no dia 19 de dezembro do ano passado
e até agora não havia recebido nem a convocação
para a perícia médica que é feita
para comprovar minha deficiência”, disse
José Carlos.
Morador
de Nova Iguaçu, ele gasta R$ 4,40 por dia —
ou cerca de R$ 90 por mês — com passagens
de trem para chegar ao trabalho. Ontem, após
ser procurada por O DIA, a Secretaria de Transportes
agendou a perícia de José Carlos, que
foi marcada para amanhã.
Secretário
afirma que o pior já passou
Apesar
de reconhecer a gravidade do problema da demora na análise
dos pedidos de cartões do Vale-Social, o secretário
de Transportes, Júlio Lopes, garantiu que o pior
já passou. “A situação hoje
está muito melhorar do que estava quando assumimos
no ano passado. Na época, o número de
processos que estavam parados à espera de uma
resposta passava de 40 mil. Hoje temos um pouco mais
de 9 mil”, destacou Lopes.
Segundo
ele, o problema só não foi totalmente
resolvido por causa da epidemia de dengue ocorrida no
estado no início do ano. “Para atender
aos pacientes que contraíram dengue, nossos médicos
deixaram de analisar os processos pendentes de fevereiro
até o fim do mês de maio, o que causou
um atraso nessas avaliações. Mas já
estamos viabilizando o envio de mais médicos
para recuperarmos esse tempo”, afirmou Lopes.
Subsecretário
de Recursos Humanos da Secretaria Estadual de Saúde,
Miguel Lessa, informou que o órgão vai
avaliar a possibilidade de aumentar o número
de médicos cedidos à Secretaria de Transportes.
A decisão, no entanto, deverá ser tomada
no fim de janeiro, quando termina o processo seletivo
para a contratação de mais de 13 mil médicos
para atuar nas unidades da rede pública estadual.