MARÉ
DO ROCK CONTRA O EXTERMÍNIO
Cantando,
pulando, filosofando, representando e apresentando esquetes teatrais,
ao som da zabumba, que acompanhava o refrão: ¨quando a Maré
encher, quando a Maré encher, quando a Maré encher”.
No último dia 18, ao lado da Escola Bahia, próximo à
passarela 07 da Avenida Brasil, dezenas de jovens, crianças e adultos
protestaram, cantando músicas de vários gêneros musicais.
Assim se deu o evento “Fórum Pela Vida, Contra o Extermínio”,
um festival de rock, na Favela da Maré, onde cada arranjo tinha
como objetivo protestar contra a política de segurança pública.
O cenário entorno do festival não podia ser outro; entre
transeuntes, camelôs, ambulantes que vendiam suas coisas para sobreviver,
tudo de forma natural e sem se dar conta de um verdadeiro ato público.
O palco surgiu de dentro da boléia de um caminhão. A iluminação
estava precária, mas, aos poucos, ganhou contraste com os vários
flashes das câmeras fotográficas e de vídeos dos que
queriam uma imagem nítida daquele movimento. Ao todo, segundo estatísticas
dos meios de comunicação presentes, morrem mais de 50 mil
pessoas assassinadas por ano no Brasil, e só 1% dos crimes é
investigado, resultando em prisões. A violência estampada
numa exposição fotográfica no local deixava bem claro
o horror da tragédia que já se abateu sobre as vidas de
milhares. Em meio à rebeldia e à civilidade, as bandas se
organizaram para a apresentação.
As seguintes bandas expuseram seus trabalhos: Reciclasom (percussão
em ritmos variados), The Loks, (autoral e pop-rock), Deoxis (autoral alternativo)
Aforma (psicodélico), Café Frio (jam de rock 'n roll), Plenitude
Modulada (autoral alternativo), Veneto (autoral grunge e alternativo),
Levante (autoral), Passarela 10 (autoral nacional), Raça Humana
(autoral pop nacional) e Rudah (autoral).
Com gritos, pulos e altas performances, os roqueiros da Maré se
revezaram das 19 horas até às 5 da manhã. Um blecaute
impediu a apresentação da Banda Algoz. ¨Quando a Maré
encher, quando a Maré encher", assim terminou o espetáculo
ao som de tambores da Banda Passarela 10, em ritmo de carnaval.
Para mim, foi um grande evento que conseguiu mostrar a toda sociedade
que a Maré tem vez, que ela não é só violência,
como mostra os veículos de comunicação. A Maré
é como o refrão da canção em que diz: “Diversão
e arte para qualquer parte, como a vida quer”, é um local
onde ainda existe a esperança de uma vida feliz, harmônica
e bem ao estilo do refrão: "Alagados da Favela da Maré,
a esperança não vem do mar nem das antenas de TV, a arte
de viver vem da fé só não se sabe fé em que".
Reinaldo
de Jesus Cunha
Presidente da Asfunrio
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