Comissão
analisa estatuto racial no Congresso
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O
Congresso Nacional decidiu encarar de frente a
questão racial este ano.
Foi nomeada recentemente a Comissão Especial
da Câmara dos Deputados que vai analisar
o Estatuto da Igualdade Racial (Projeto de Lei
6264/05) que estabelece cotas no serviço
público e nas universidades públicas
para negros e índios.
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O presidente da Comissão é o deputado Carlos
Santana (PT), um militante antigo do Movimento Negro do
Rio de Janeiro. Segundo o presidente da Câmara dos
Deputados, deputado Arlindo Chinaglia (PT), a comunidade
negra, 75% da população brasileira, representa
os 73% dos mais pobres, dois terços dos analfabetos
e ganham 30% menos que os brancos.
Com os trabalhos da Comissão, que deve abrir audiências
públicas sobre o assunto, provavelmente, no segundo
semestre, o estatuto será posto em votação
na Câmara dos Deputados. Caso seja aprovado, provocará
uma reviravolta nos concursos públicos, e provocará
também o aumento da classe média negra brasileira.
A instalação da Comissão Especial
contou com a participação de lideranças
negras e da Frente Parlamentar para Igualdade Racial.
Segundo lideres negros, o Brasil vem relutando em aplicar
as ações afirmativas para os grupos étnicos
mais vulneráveis da população. Por
isso, recentemente, a Organização das Nações
Unidas (ONU) divulgou um comunicado condenando o Brasil
por ser um país racista e corrupto.
Anteriormente, a ONU já vinha pressionando o país
para aplicar as cotas raciais no poder público
através do relatório final do Congresso
Mundial de Combate ao racismo, ocorrido, em Durban, na
África do Sul, em 2001. Os líderes negros
acham que o relatório final da ONU contêm
os elementos centrais para implantação das
ações afirmativas no país.
Em São Paulo, no mês passado, a Universidade
Zumbi dos Palmares ( Unipalmares) formou sua primeira
turma (126 pessoas) no curso de Administração.
A diplomação contou com a presença
do presidente da República, Luiz Inácio
Lula da Silva, que elogiou a iniciativa da militância
negra, que também contribui para reduzir as desvantagens
históricas entre as etnias no Brasil. A Unipalmares,
dirigida por militantes negros, foi construída
com verbas internacionais e com parcerias brasileiras.