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Memória
do Servidor
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Nas
famosas rodas de samba da cidade, ele era conhecido
como Noquinha, em comparação ao grande
sambista Noca da Portela. Esse é Abelardo
de Souza, de 64 anos, servidor público há
25 anos. Souza, atualmente, trabalha no Cemasi (Centro
Municipal de Assistência Social Integrada)
de Realengo. E com freqüência gosta de
recordar, expressando saudade, de uma das melhores
fases de sua vida. Da época em que cantou,
tocou e foi ator. |
Na década de 70, Souza começou a tocar percussão
e se juntou a outros músicos, o que culminou na
formação do Grupo Realidade do Samba. O
cineasta Iberê Cavalcanti conheceu o grupo e o convidou
para se apresentar nas melhores boates de Ipanema. Nessa
época, o Realidade do Samba passou a dividir o
palco com um elenco de bambas famosos: D. Ivone Lara,
Lecy Brandão, Roberto Ribeiro, Conjunto Época
de Ouro, entre outros. Os diretores dos shows eram Albino
Pinheiro e Sérgio Cabral.
“Fizemos tanto sucesso que, em seguida, fomos convidados
para participar do filme “A Força de Xangô”,
que foi gravado na Bahia. Nesse filme, contracenamos com
o Grande Otelo e com o pessoal que se apresentava conosco
na boate”, lembra o servidor.
Depois do filme, a agenda do grupo só fez aumentar.
“Fomos contratados para fazer um programa de shows
na Rádio Roquete Pinto e em praças públicas,
casas noturnas e em outras boates. Dessa vez, fizemos
carreira solo, não tínhamos mais a presença
dos outros sambistas famosos”, explica Souza.
O servidor era o responsável do grupo, e foi por
esse motivo que Manuel Alves, então chefe do Núcleo
de Produção de Samba da TV Globo, o convidou
para falar de negócios na emissora. “Quando
cheguei na TV Globo fui posto para conversar diretamente
com Walter Avancini. Fechamos um contrato de três
anos. Daí fiz participações especiais
com o grupo que passou a se chamar Conjunto Realidade,
nas novelas Pão-Pão Beijo-Beijo e Pai Herói.
Na teledramaturgia Pai Herói, o Conjunto Realidade
se apresentava nos shows da Gafieira de Ana Preta, vivida
pela atriz Glória Menezes. Na emissora o grupo
também chegou a gravar o programa Globo de Ouro.
Depois dessa fase áurea, Souza se casou, teve filhos
e se afastou aos poucos do mundo do samba. “Sinto
saudade dessa época. Quando ouço um samba,
que tem de ser bem feito, meus olhos se enchem de lágrimas.
Traz recordações de uma época que
foi muito boa na minha vida”. Questionado sobre
qual é o tempero certo para um bom samba, o servidor
responde: “Samba de verdade tem que ter profundidade”.
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