TJ
terá pela 1ª vez uma mulher como presidente
Desembargadora Leila Mariano assume o tribunal
em 2013
O
Globo
RIO
— Momento histórico no Judiciário
do Rio: a desembargadora Leila Mariano foi eleita
na segunda-feira, com 161 votos, presidente do
Tribunal de Justiça do Rio para o biênio
2013/2014, tornando-se a primeira mulher a ocupar
o cargo. Desembargadora desde 1998, ela atualmente
preside a Segunda Câmara Cível do
TJ e é diretora-geral da Escola da Magistratura
do Estado do Rio (Emerj). Em seu discurso, Leila
Mariano — que substitui Manoel Alberto Rebêlo
dos Santos na presidência do tribunal —
destacou o papel da mulher na sociedade, citando
o teólogo Leonardo Boff:
—
Penso que as mulheres têm um especial cuidado
com aquilo que fazem, como diz Leonardo Boff.
Não só com as pessoas, com as coisas,
com a forma de fazer. Além do cuidado,
nós temos também a possibilidade
de sempre pedir ajuda. A mulher, ao exercer as
suas múltiplas atividades, gosta da participação
e de valorizar os participantes que realmente
contribuam.
A
desembargadora deixou claro que o planejamento
será uma das marcas de sua gestão.
— A mulher ficou na cozinha durante séculos.
Na cozinha, ela não falava, mas ouvia e
pensava. Tudo tem que ser pensado. Planejar primeiro
e agir depois — ressaltou.
Bacharel
em Direito pela Universidade Federal do Estado
do Rio de Janeiro (UFRJ), mestre e doutoranda
pela Universidade Estácio de Sá
e especialista em Direito Administrativo e Tributário,
a desembargadora já listou suas prioridades
na presidência do TJ: criar condições
de trabalho para juízes e servidores, a
fim de atender aos nove milhões de processos;
uma gestão de diálogo e participação
dos 17 mil servidores, cinco mil terceirizados
e cinco mil estagiários, além dos
conciliadores, mediadores, da Ordem dos Advogados
do Brasil e os governos estadual e municipal;
valorização dos magistrados e servidores
com o reconhecimento pelo trabalho e a oferta
de cursos; aperfeiçoamento da comunicação
externa e interna do TJRJ; investimento em tecnologia;
e prestação de contas.
Aprimoramento
do Judiciário
A
desembargadora defende também o aprimoramento
do Judiciário:
—
Com a complexidade da sociedade moderna, é
preciso entender de sociologia, antropologia,
psicologia, teoria do Estado e da política
e até conhecer os princípios da
psicanálise para entender como se forma
intrinsecamente a decisão, que mitos e
preconceitos podem nela influir. Direito só
não basta para o magistrado nos dias de
hoje — disse.