Deputado
do Rio vai ao STF tentar impedir votação
do veto dos royalties
Congresso aprovou urgência para votar
veto de Dilma à lei na terça (18).
Artigo vetado diminuía royalties a produtores
em contratos em vigor.
Por:
Mariana Oliveira Do G1, em Brasília
O deputado federal Alessandro Molon (PT-RJ) protocolou
eletronicamente na madrugada nesta quinta-feira
(13) um pedido no Supremo Tribunal Federal (STF)
para suspender a votação do veto
da presidente Dilma Rousseff ao artigo 3º
da Lei dos Royalties.
Para
o parlamentar, votação é
"inconstitucional" já que veto
deve ser apreciado antes de milhares de outros
que aguardam na fila.
O
artigo 3º do projeto de lei aprovado no Congresso
diminuía a parcela de royalties e da participação
especial dos contratos em vigor destinada a estados
e municípios produtores de petróleo,
enquanto ampliava os ganhos dos demais estados,
mas Dilma vetou e mudou apenas a distribuição
nos contratos futuros.
O
mandado de segurança pede a concessão
de uma liminar (decisão provisória)
para suspender a votação do veto
prevista para a próxima terça-feira
(18). Nesta quarta (12), o Congresso aprovou a
urgência para votar a matéria.
A
petição foi protocolada eletronicamente
durante a madrugada e, até a publicação
desta reportagem, o processo ainda não
havia sido instaurado e nem distribuído
a algum ministro do Supremo para ser relator.
Já
há pedido em andamento no Supremo feito
por parlamentares do Rio de Janeiro e do Espírito
Santo, cujo relator é o ministro Luiz Fux,
que pedia suspensão da tramitação
do projeto de lei. No entanto, Fux não
analisou o caso antes de o projeto ser sancionado.
Argumentações
Na petição, o deputado argumenta
que o pedido é "manifesto e dramático,
tendo em vista a iminência de que seja realizada
sessão conjunta para a apreciação
inconstitucional do veto".
Segundo
o parlamentar, a inconstitucionalidade da votação
decorre do fato de que a apreciação
do veto vai passar na frente de mais de 3 mil
vetos que aguardam apreciação pelo
plenário do Congresso Nacional.
"O
veto somente poderá ser votado após
a apreciação dos vetos recebidos
anteriormente, a imensa maioria com o prazo de
discussão e votação vencido
[...] em relação aos quais, portanto,
o Congresso já se encontra em estado de
omissão inconstitucional", argumenta
a ação.
O
deputado afirma ainda que não houve a formação
de uma comissão para elaborar parecer sobre
o veto, conforme prevê o regimento, e diz
que não houve prazo regimental entre a
leitura do texto da urgência e a apreciação.
Votação
do veto
Caso o veto de Dilma seja derrubado na próxima
terça (18), a decisão deve ser publicada
no dia seguinte no "Diário Oficial
da União", reintroduzindo na lei 12.734/2012
o art. 3º, que estende a nova distribuição
dos royalties sobre os contratos em vigor, de
blocos em operação. Caso o veto
seja mantido, a lei permanece inalterada.
Depois
disso, no âmbito do Legislativo ou do Executivo,
a alteração das regras só
seria possível com uma nova lei.
Como
ficou a lei dos royalties
No caso dos futuros campos de extração
de petróleo, fica mantida a distribuição
de royalties definida no projeto aprovado pelo
Congresso, pela qual a parcela dos estados produtores
de petróleo diminui e a dos não
produtores aumenta.
A parte dos estados e municípios não
produtores, que atualmente é de 1,75% e
7%, respectivamente, passa, em 2013, para 21%
(nos dois casos). Em 2020, a parcela aumentaria
para 27% do total arrecadado pela União.
Os
estados produtores, que hoje recebem 26% do dinheiro,
terão a fatia reduzida para 20% em 2013.
Os municípios produtores passam dos atuais
26,25% para 15%, em 2013, chegando a 4%, em 2020.
A
participação especial dos futuros
campos de exploração, atualmente
dividida entre União (50%), estado produtor
(40%) e município produtor (10%), passaria
a incluir estados e municípios onde não
existe extração.
Em
2013, tanto estados quanto municípios recebem
10%. Em 2020, 15%. A nova lei reduz a parcela
atual de 40% destinada a estados produtores para
32%, em 2013, e para 20%, em 2020.