PT
só vê reeleição de
Dilma com crescimento de 4%
Por
Vera Rosa
Preocupada com o pífio desempenho da economia
nos últimos dois anos, a presidente Dilma
Rousseff inicia a segunda metade de seu mandato,
a partir de 1.º de janeiro, com a difícil
tarefa de fazer o governo andar, recuperar a confiança
dos investidores e soldar a base aliada, hoje
com fraturas expostas. No ano em que o PT completa
uma década no comando do País, a
cúpula do partido avalia que a reeleição
de Dilma, em 2014, depende de um crescimento de,
no mínimo, 4%.
"Nós
não podemos perder 2013", disse o
senador Jorge Viana (PT-AC), ex-governador do
Acre. "(O ano de) 2012 foi muito ruim e precisamos
dar uma dinâmica ao governo agora, para
criar o ambiente que vai deslanchar o processo
(da reeleição). Todos nós
sabemos que é necessário acelerar
o Programa de Aceleração do Crescimento",
emendou ele, usando um trocadilho para se referir
ao PAC.
Dilma
afirma que fará "o possível
e o impossível" para o País
crescer 4% ao ano. Estimativas do Banco Central,
porém, indicam expansão do Produto
Interno Bruto (PIB) de apenas 1%, em 2012. A previsão
acendeu a luz amarela no Palácio do Planalto.
Na
seara política, as angústias do
PT se concentram no impacto do julgamento do mensalão
e nos desdobramentos da Operação
Porto Seguro, que chegou ao gabinete da Presidência
em São Paulo e à Advocacia-Geral
da União. No Planalto e no partido, petistas
preveem mais ataques na direção
do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
no rastro das denúncias do empresário
Marcos Valério, que o acusou de receber
dinheiro do mensalão.
Desagravo
Com
esse diagnóstico, o PT prepara um grande
ato de desagravo a Lula para fevereiro, quando
o partido fará 33 anos. A iniciativa faz
parte do cronograma para "vender" as
conquistas dos dez anos do PT à frente
da Presidência e se contrapor à agenda
negativa do julgamento do mensalão e outros
escândalos, como o da Porto Seguro.
"Vamos
para a ofensiva. Se tem uma coisa que unifica
todo mundo do PT e da esquerda é defender
Lula e seu legado", afirmou o senador Lindbergh
Farias (PT-RJ). "Lula nunca deixará
de ser garoto-propaganda de Dilma. Os dois estão
colados", insistiu o ministro-chefe da Secretaria
Geral da Presidência, Gilberto Carvalho.
"Engana-se quem pensa que pode acabar com
ele para enfraquecer a presidente e destruir nosso
projeto. Nós vamos pôr a realidade
nos trilhos."
A
outra frente de preocupação do Planalto
está nos movimentos do governador de Pernambuco,
Eduardo Campos. Presidente do PSB, partido da
base de apoio governista, Campos dá sinais
de que poderá enfrentar Dilma na disputa
pela Presidência. Sua decisão, porém,
está vinculada à economia. Se o
cenário estiver melhor e Dilma mantiver
a alta popularidade, Campos adiará seus
planos. Caso contrário, tem tudo para comandar
o racha da aliança.
"Vivemos
um período de Tensão Pré-Eleitoral",
resumiu o presidente do PMDB, senador Valdir Raupp
(RO), ao prever um 2013 de "muitas turbulências".
Partido do vice-presidente Michel Temer, o PMDB
tem certeza de que o PSB de Campos quer puxar
sua cadeira. Em público, no entanto, os
peemedebistas só falam no receituário
para "destravar" os nós do governo
e tirar projetos da prateleira.
"Parece
que está faltando um gerentão em
cada área", admitiu Raupp. "São
entraves burocráticos e, enquanto não
se resolvem, o Brasil fica patinando, sem crescer,
por falta de infraestrutura."
A
presidente diz que 2013 será um ano de
"grandes batalhas" e uma delas consiste
em vencer a briga com Estados não produtores
de petróleo para, no futuro, destinar 100%
dos royalties do pré-sal à educação.
"Estou vendo um final de governo com economia
em declínio, denúncias e cisões
na base aliada", provocou o senador Aloysio
Nunes Ferreira (PSDB-SP). "O crepúsculo
só é bonito na natureza. Na base
do governo, não."
Cotado
para assumir a presidência da Câmara
a partir de fevereiro, o deputado Henrique Eduardo
Alves (RN), líder do PMDB, pôs água
na fervura. "Em 2010, foi Lula que articulou
a eleição de Dilma, mas agora é
diferente. A partir de 2013, ela vai costurar
acordos, agregar correligionários, parceiros
e isso vai ensejar uma nova relação
política", apostou Alves.
Fonte:
As informações são do jornal
O Estado de S.Paulo