Governo
aprova reforma da Previdência para servidores,
mas não o fim do fator previdenciário
No ano em que o Congresso alterou aposentadoria
de servidor público, governo evitou mudança
no INSS
Por:
Cristiane Jungblut
BRASÍLIA
- No ano em que as discussões parlamentares
foram pautadas pelo chamado “calendário
Maia” de votações, em referência
ao presidente da Câmara, o Congresso Nacional
conseguiu aprovar uma verdadeira reforma da Previdência
do setor público, com a criação
do Fundo de Previdência do Setor Público
(Funpresp). Com a mudança, que começa
a ser aplicada aos novos servidores a partir de
fevereiro, o funcionalismo passou a ter regras
mais parecidas com as do INSS, com efeitos em
até 30 anos na redução do
déficit do Regime Próprio de Previdência
do Servidor (RPPS).
Em
contrapartida, mais uma vez, o Congresso fracassou
na tentativa de votar o fim do fator previdenciário.
O Palácio do Planalto impediu a votação
do fim do fator e, com isso, ficou na gaveta a
criação de um novo sistema para
o setor privado, ou seja, para o pagamento das
aposentadorias do INSS. O Orçamento da
União de 2013 prevê gastos totais
da União de R$ 78 bilhões com o
atual sistema de aposentadorias dos servidores
dos três Poderes, segundo dados da Comissão
Mista de Orçamento (CMO).
Déficit
de R$ 51,4 bilhões
O
déficit da Previdência Pública
foi fixado em R$ 51,4 bilhões na mensagem
presidencial enviada juntamente com o Orçamento,
em agosto, mas o rombo já ultrapassa os
R$ 60 bilhões, conforme os cálculos
da Previdência. Este dado final costuma
variar conforme a sistemática de cálculo
da Previdência e do Tesouro Nacional.
Em
contrapartida, o déficit do INSS para 2013
está fixado em R$ 34,2 bilhões,
ou seja, quase a meta do rombo do servidor público.
No
balanço final de ano, o presidente da Câmara,
deputado Marco Maia (PT-RS), disse que a não
votação do fim do fator previdenciário
foi um das frustrações do seu mandato.
Segundo ele, a maioria do Congresso é a
favor de acabar com o fator, mas o governo é
contra.
—
Queria substituir o fator previdenciário
por outra condição que garantisse
melhor aposentadoria para o trabalhador brasileiro
— disse Marco Maia.
Substituição
do fator
O
governo iniciou negociações para
a adoção de um mecanismo que substituísse
o fator previdenciário como fórmula
de cálculo das aposentadorias, mas os técnicos
não tiveram segurança sobre nenhuma
das alternativas encontradas. Para evitar a votação
da proposta em novembro, como prometeu Maia, o
governo acertou a criação de mais
uma comissão especial para discutir o assunto
até março.
—
Não é razoável que um cidadão
contribua 35 anos e tenha ainda redução
no valor de sua aposentadoria — disse o
presidente da Câmara.
Em
maio, a presidente Dilma Rousseff sancionou a
lei que cria um novo regime de Previdência
para o servidor público federal. A proposta
cria o Regime de Previdência Complementar
do Servidor Público da União e autoriza
a criação de até três
Fundos de Previdência Complementar (Funpresp),
um para cada Poder (Executivo, Legislativo e Judiciário).
Pelas
novas regras, o servidor terá garantida
uma aposentadoria até o valor do teto do
INSS, que hoje está em R$ 3,9 mil. Para
ganhar um benefício acima disso, terá
que contribuir para um fundo de Previdência.
O
Funpresp do Executivo e do Legislativo já
foi criado e será comandado por Ricardo
Pena, ex-assessor do ministro Guido Mantega na
Fazenda.
Fonte:
www.oglobo.globo.com