Ministério
Público vai processar Zito, prefeito de Caxias,
por improbidade administrativa.
Por:
Daniele Ramiro
Vânia Bertolot, de 29 anos, uma das vítimas
da calote da Prefeitura de Duque de Caxias com a Caixa
Econômica Federal: “Neste ano, meus filhos
não terão presente de Natal” Vânia
Bertolot, de 29 anos, uma das vítimas da calote
da Prefeitura de Duque de Caxias com a Caixa Econômica
Federal: “Neste ano, meus filhos não terão
presente de Natal”
O
fim da era Zito pode acabar de forma ainda mais melancólica.
Depois de não ter sido reeleito e nem mesmo disputado
o segundo turno das eleições municipais,
o prefeito José Camilo Zito dos Santos (PP) deve
terminar o mandato respondendo a uma ação
por improbidade administrativa, que está sendo
elaborada pelo Ministério Público. Se for
favorável ao MP, a ação pode deixar
Zito inelegível por 8 anos.
Zito
terá que esclarecer ao MP o porquê de a cidade
estar com tantos serviços básicos restritos,
com irregularidade na coleta de lixo, falta de pagamento
de funcionários da educação e tratamento
prejudicado na rede pública de saúde. Sem
falar no calote dado à Caixa Econômica Federal,
que não recebeu valores de empréstimos descontados
na folha de pagamento dos servidores.
—
O descaso com o lixo, a falta de pagamento de merendeiras
e agora o não repasse do financiamento para a Caixa
Econômica criou um somatório de problemas
que, certamente, vai gerar uma ação de improbidade
administrativa contra o atual prefeito. Estou unindo provas
e vou entrar com essa ação ainda este ano
— disse o promotor Sandro Machado. — Caso
Zito seja punido, entre as consequências estão
a suspensão dos direitos políticos por oito
anos, o ressarcimento dos danos, multa e a perda da função
pública, que não faria diferença
já que o atual prefeito não se reelegeu.
Em
julho deste ano, o promotor entrou com uma ação
contra Zito, com pedido de multa de R$ 1,5 milhão,
que aguarda julgamento.
—
Nesta ação, peço ainda que em um
prazo de até 60 dias seja feita nova licitação
para que uma empresa faça o serviço de coleta
de lixo, sob pena de multa – explica.
‘Meus
filhos não terão presentes’
“O
Zito acabou com o Natal de muitos funcionários
públicos de Caxias”, desabafou a professora
Vânia Bertolot, de 29 anos, que está há
11 na rede municipal de ensino de Duque de Caxias. Vânia,
que trabalha na Creche Municipal Armanda Álvaro
Alberto, no bairro Nova Campina, está revoltada
com o calote da prefeitura com a Caixa Econômica
Federal (CEF). Devido à falta de pagamento, seu
nome foi parar no Serviço de Proteção
ao Crédito (SPC).
A
educadora financiou R$ 40 mil em 72 parcelas em março
de 2011, para a compra de sua casa, na Rua Amapá.
Ela diz que, agora, a sua situação é
preocupante:
—
Em maio, comecei a receber cartas do SPC e do Serasa.
O Zito acabou com o meu Natal e o da minha família.
Estou desanimada e sem poder comprar nada. Meus filhos
estão avisados de que não terão presente
esse ano — contou a educadora.
Ter
ficado com o nome sujo na praça, gerou problemas
psicológicos, disse Vânia.
—
Nunca fiquei devendo nada para ninguém, minhas
contas são pagas em dia. É constrangedor
passar por isso — afirmou ela.
Como
buscar reparação na Justiça
Defensoria
Pública - Servidores que tiveram o nome inscrito
no SPC/Serasa podem buscar reparação na
Justiça, de acordo com a Defensoria Pública.
Segundo o coordenador do Núcleo de Fazenda Pública,
Fabrício El-Jaick, o caso é passível
de duas ações. Uma para obrigar a prefeitura
a efetuar o pagamento de forma imediata e retirar os servidores
do cadastro de inadimplentes. O segundo caso é
uma ação civil por danos morais e materiais.
Segundo Fabrício El-Jaick, qualquer servidor que
se sentir lesado pode procurar a Defensoria Pública,
por meio da Central de Relacionamento com o Cidadão,
no telefone 129, para receber orientação
sobre os documentos necessários.
Anacont
- Segundo a Associação Nacional de Assistência
ao Consumidor e ao Trabalhador (Anacont), os funcionários
lesados devem reunir provas bem simples para processar
a prefeitura. Bastam o contracheque, identidade, comprovante
de residência e um documento que comprove a inscrição
no SPC/Serasa . É possível uma ação
por danos morais.
Fonte:
extra.globo.com