Sem
articulação política, Dilma encerra
ano com derrotas no Congresso
Parlamentares
aliados criticam falta de diálogo do Planalto, que
termina 2012 sem Orçamento aprovado e com derrotas
na redistribuição dos royalties e no Código
Florestal
Por:
Nivaldo Souza
A
presidenta Dilma Rousseff deve aproveitar as festas de final
de ano para refletir sobre as derrotas sofridas no segundo
semestre de 2012, que inclui o impasse sobre o veto parcial
no novo modelo de distribuição dos royalties
do petróleo, o Código Florestal e a falta
de articulação para abrir a discusão
em torno do remodelamento do Fundo de Participação
dos Estados (FPE).
A
avaliação é de senadores e deputados
aliados ouvidos pelo iG , que criticam a falta de habilidade
dos articuladores políticos destacados por Dilma
para representar o Palácio do Planalto no Congresso.
“O
FHC tinha um time. O Lula tinha um time. A presidenta Dilma
tem assessores que não passam as coisas direito”,
avaliou um deputado da base.
A
crítica indireta é uma referência ao
estilo do líder do Planalto na Câmara, José
Pimentel (PT-CE), apontado como “confuso” por
colegas de partido. A ausência dele em sessão
da Comissão Mista do Orçamento (CMO) já
exigiu do presidente, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), fazer
a função de articulador do governo no Congresso
. “Acho que o Eduadro (Braga, PMDB-AM, líder
do governo no Senado) conseguiu aprovar tudo no Senado.
O problema está na Câmara”, disse um
senador.
Na
opinião de outro senador, a suspensão da votação
do Orçamento da União para 2013 é resultado
da “falta do exercício da boa política”
pelo Planalto. Pimentel é criticado por ter passado
orientação diferente da que foi dada por assessores
técnicos do governo durante as sessões de
votação do Orçamento de 2011. “Ele
dizia uma coisa, o Planalto outra. No final, a presidenta
(Dilma) me ligou para agradecer por ter votado o contrário
do que o Pimentel orientou”, diz uma deputada.
Dilma
é criticada também por considerar que o fato
de parlamentares estarem na base aliada eles, obedientemente,
apoiam qualquer pauta sugerida pelo governo – movimento
contrário ao que vem acontecendo, por exemplo, no
caso dos royalties, cujo principal opositor ao modelo do
Planalto é o senador Wellington Dias (PT-PI).
A
derrota do modelo de Código Florestal proposto pelo
Planalto na Câmara é apontada como reflexo
desse desgaste gerado pela falta de diálogo para
afinar a relação com o Congresso. “Não
é possível governar apenas por veto presidencial”,
diz uma parlamentar, em refência à decisão
de Dilma de retirar do Código artigos alterados por
deputados.
O
Planalto também tem enfrentados dificuldade em propor
alterações no Fundo de Participação
do Estados (FPE), que define quanto será repassado
pela União para cada unidade da federação.
Braga,
líder do governo no Senado, reconhece que a derrota
em relação ao Orçamento do próximo
ano é resultado da falta de “consenso para
votar qualquer matéria”.
Já
o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) considera erro
estratégico separar royalties, FPE e reforma na alíquota
do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias
e Serviços (ICMS). Para ele, os projetos deveriam
estar articulados. “O governo precisa liderar esse
movimento”, afirmou o tucano.
Fonte:
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