Fux
diz que decisão sobre vetos não impede votação
do Orçamento
Técnicos analisam se Comissão Representativa
tem poderes para votar, informa Sarney
Por:
Cristiane Jungblut
BRASÍLIA
- Depois de toda a polêmica envolvendo a questão
dos royalties e a pauta do Congresso, o ministro do Supremo
Tribunal Federal (STF) Luiz Fux esclareceu nesta quinta-feira
que sua decisão sobre a necessidade de se respeitar
a cronologia dos vetos presidenciais não tratava
da questão do trancamento da pauta do Legislativo.
Pela Constituição, a pauta do Congresso deveria
ficar sobrestada até a votação dos
3.060 vetos pendentes. Mas o ministro Fux ressaltou que
apenas tratou do trecho da Constituição sobre
a necessidade de se respeitar a cronologia. No início
da noite, ao deixar o Senado, o presidente da Casa, José
Sarney (PMDB-AP), disse que a explicação do
ministro Luiz Fux permite a votação do Orçamento
da União de 2013, mas admitiu que ainda não
há uma solução para viabilizar isso.
Sarney
argumentou que até dia 22, quando o Congresso ainda
está trabalhando, há o problema da falta de
quorum. Ele disse que os líderes partidários
sugeriram a ideia de a Comissão Representativa do
Congresso, que só começa a funcionar dia 26,
votar o Orçamento, mas alertou que os técnicos
analisam se isso é realmente viável. Os técnicos
são contra.
-
Fiz um ofício do ministro Fux, pedindo que nos auxiliasse
no sentido de melhor cumprir a decisão. E, até
agora, não recebei nenhuma reposta, mas vi a declaração
dele publicada, dizendo que se pode votar o Orçamento.
Os líderes estão fazendo gestões no
sentido de encontrar uma solução. A Comissão
Representativa é uma das hipóteses que estão
analisando, mas os órgãos da Casa estão
também assessorando para que se possa verificar se
realmente a Comissão tem atribuições
de votação do Orçamento. A questão
é formal de se encontrar uma solução
- disse Sarney, alertando a deputada Rose de Freitas (PMDB-ES),
sobre os riscos constitucionais da ideia.
O
ministro Luiz Fux informou, por meio de nota, que a liminar
“limitou-se” a suspender a votação
do veto dos royalties antes que os 3.000 vetos pendentes
fossem apreciados. “A decisão não se
referiu à votação de outras matérias,
como por exemplo a votação do Orçamento,
para as quais a pauta não está trancada judicialmente”,
diz o texto. O ministro também alegou que “qualquer
outra interpretação é de exclusiva
responsabilidade dos membros do Congresso”.
Para
permitir que a Comissão Representativa vote o Orçamento,
nos bastidores os senadores utilizariam a Resolução
03/90, que trata do funcionamento deste grupo. Eles querem
utilizar como saída o trecho que diz que a Comissão
tem competência "para exercer outras atribuições
de caráter urgente, que não possam aguardar
o início do período legislativo seguinte sem
prejuízo para o país ou suas instituições".
Mas
esta interpretação não é pacífica.
Os técnicos da Comissão Mista de Orçamento
(CMO), tanto da Câmara como do Senado, dizem que isso
é inconstitucional e aconselharam Sarney a não
aceitar a proposta dos líderes.
-
Estamos tentando construir uma alternativa. Minha passagem
está marcada apenas para o dia 29 - brincou o relator-geral
do Orçamento, senador Romero Jucá (PMDB-RR).
De
qualquer maneira, com a decisão de Fux, o Congresso
fica livre para votar a proposta em fevereiro, quando retomar
os trabalhos normais, caso a saída alternativa não
seja adotada.
Fonte:
www.oglobo.globo.com |