Rodrigo
Maia é entrevistado pelo RJTV
Candidato do DEM à prefeitura do Rio é
o primeiro entrevistado da semana.
Paes, Freixo, Aspásia e Leite serão ouvidos,
nesta ordem, até sexta-feira.
Do
G1 RJ
 |
O
candidato do DEM à prefeitura do Rio de Janeiro,
Rodrigo Maia, foi entrevistado ao vivo nesta segunda-feira
(17), no RJTV, pelos apresentadores Ana Paula Araújo
e Edmilson Ávila. Até o fim da semana,
o telejornal vai entrevistar os cinco candidatos
mais bem colocados na pesquisa Datafolha da última
quarta-feira (12) e cujos partidos têm representação
na Câmara dos Deputados. |
Ana
Paula Araújo: Nesse fim de semana, você
teve uma baixa importante na sua campanha, o seu coordenador
de campanha, Marcelo Garcia, que foi secretário
do prefeito César Maia, deixou a função
depois que o seu aliado, Anthony Garotinho, foi para um
programa de TV fazer críticas à atitude
do prefeito Eduardo Paes, ao apoio da prefeitura aos homossexuais,
a políticas voltadas para os homossexuais, à
Parada Gay. Marcelo Garcia saiu e divulgou até
uma carta que vou ler aqui alguns trechos. “Eu juro
que gostaria de entender porque tanto ódio ao falar
de gays. Na prefeitura César Maia, apoiávamos
a Parada Gay. Na prefeitura César Maia, iniciamos
o projeto mais importante no país de proteção
a travestis." Para o senhor, Rodrigo Maia, quem é
que está certo nessa briga?
Rodrigo
Maia: Olha, primeiro, uma boa tarde, é
uma grande oportunidade. O Marcelo era um consultor remunerado
do partido, com grandes qualidades, por essa posição
foi secretário do prefeito. Agora, a nossa posição
é uma posição que respeita as liberdades,
nunca foi diferente, a nossa história não
é diferente disso. Agora, nós temos posições.
O nosso partido é um partido conservador e o Marcelo
sempre soube disso. Todos, aliás, sabem disso.
Então, já que vamos tratar de valores, vamos
tratar do que interessa, os valores de cada um dos candidatos.
Eu tenho uma posição clara, dei uma entrevista
na “Veja” e fui bastante claro. Fui perguntado:
“Você é a favor do casamento do mesmo
sexo?”. Não. Eu sou a favor da união
civil. “Você é a favor da adoção
por pessoas do mesmo sexo?” Não, eu não
sou a favor. Não significa que eu não tenha
todo o respeito e respeite a liberdade de cada um. Agora,
o que o governador Garotinho falou, falou de hipocrisia.
Não falou nada contra os homossexuais, ele falou
ao contrário, o que se tratou foi de uma hipocrisia
de se tentar ter os dois lados ao mesmo tempo. Apenas
isso. Agora, eu acho que é importante que a gente
deixe claro as posições, porque os valores
de cada um e o presidente Fernando Henrique...
Ana
Paula Araújo: Mas o senhor apoia a Parada
Gay, por exemplo? Se eleito, a prefeitura vai continuar
apoiando a Parada Gay?
Rodrigo
Maia: A prefeitura vai liberar que cada um dos
movimentos possa ocorrer. O que não se pode é
politizar, e muito mais, se politizar pelo outro lado.
Ana
Paula Araújo: Mas vai apoiar a Parada
Gay ou não, vai deixar de apoiar?
Rodrigo
Maia: O prefeito César Maia, sempre teve
Parada Gay no governo César Maia. Não significa
apoiar, significa que todos os movimentos têm liberdade
para se expressar.
Ana
Paula Araújo: A prefeitura investe hoje
na imagem do Rio como uma cidade que recebe bem os turistas
gays. O Rio foi eleito o melhor destino para o turismo
gay. Essa campanha vai continuar em uma possível
adminstração?
Rodrigo
Maia: Não, isso nós somos contra.
Nós queremos vender o Rio como a melhor cidade
do mundo para receber todos os turistas, não apenas
os gays. Isso nós discordamos.
Ana
Paula Araújo: Então, o senhor vai
parar essa campanha, o senhor não quer levar adiante
essa imagem do Rio de Janeiro?
Rodrigo
Maia: Não. Quero que o Rio seja o porto
para todos os turistas, independente de ser gay, cada
um tem o direito de ser. Agora, a campanha do Rio como
porto do sexo, porque o que está sendo vendido
no Rio não é o turismo gay, é o sexo,
é só você ver o vídeo que o
governo Eduardo fez.
Ana
Paula Araújo: Na verdade, o Rio foi o
eleito o melhor destino para os gays.
Rodrigo
Maia: Sim, mas é só você
ver o vídeo que foi vendido. A minha posição:
o Rio tem que ser vendido como a cidade mais bonita do
mundo. A cidade que tem o povo mais bonito do mundo. Independente
da sua orientação sexual. A orientação
sexual não é a coisa mais importante. O
mais importante é que o Rio possa receber a todos.
As famílias, os gays. Então, não
há nenhum tipo de problema nisso. Eu acho que o
importante é que cada um coloque o seu ponto de
vista, estou colocando o meu aqui e tenho posições
de um partido que é conservador.
Edmilson
Ávila: Candidato, vamos falar dessa relação
aí, César Maia e Anthony Garotinho, que
nunca foi uma relação boa, na verdade é
muito difícil, marcada por troca de acusações.
Em determinado momento, o ex-governador chegou a questionar
a honestidade do seu pai e a honestidade do senhor. Essas
histórias não reforçam as críticas
de que essa aliança entre os dois grupos é
apenas para atacar um adversário comum e não
por afinidade política.
Rodrigo
Maia: Não, nós construímos,
eu e a Clarissa construímos uma aliança.
E essa aliança foi construída em base a
um programa, e o programa está aí. Nós
estamos prometendo e nós estamos propondo coisas
importantes para a população. Por exemplo,
a juventude, que esse é um tema importante, nós
estamos propondo o Rio Profissa. Nós vamos profissionalizar
80 mil jovens na nossa cidade que estão entregues
ao crack. Nós queremos aqui tratar das nossas propostas
e que os cidadãos saibam dos nossos valores. César
Maia e Garotinho não são candidatos. César
Maia é candidato a vereador. César Maia
não é candidato a prefeito. Eu fiz uma aliança
com o PR, nós deixamos isso claro para a população.
Nós temos uma aliança que tem propostas.
Na área de saúde, nós vamos contratar
3 mil novos profissionais para poder melhor o atendimento
do cidadão. Na área de educação,
nós vamos voltar com a política salarial
do prefeito César Maia pros servidores.
Edmilson
Ávila: Candidato, perdão, em toda
entrevista que você concede você tem que falar
dessa relação, a relação entre
Anthony Garotinho e César Maia. Isso não
tem atrapalhado a sua candidatura, não trouxe mais
problemas que benefícios à sua candidatura.
Rodrigo
Maia: Não, não. Muito pelo contrário.
O eleitor vai decidir no dia 7 de outubro de forma democrática,
eu não estou escondendo minha chapa, a Clarissa
é minha vice. Agora, você professor, você
vai voltar a ter a política salarial do prefeito
César Maia. Você sabe quanto você perdeu
com a política salarial do Eduardo Paes? R$ 7 mil
por ano. R$ 30 mil em quatro anos. Nós queremos
que os servidores voltem a ser valorizados...
Ana
Paula Araújo: Candidato, o senhor começou
a falar aí das suas propostas, queria então
pegar aqui o ganho de um dos grandes desafios para o futuro
prefeito, que vai ser tocar as Olimpíadas Rio 2016.
Tivemos, na gestão César Maia, os Jogos
Panamericanos, em que o prefeito César Maia era
oposição à então governadora
Rosinha, era oposição ao então presidente
Lula, e o senhor, se eleito, vai ter que tocar as obras
para os Jogos Olímpicos, sendo oposição
ao governador Sérgio Cabral e à presidente
Dilma. Como não deixar que as brigas políticas
interfiram no Pan? O senhor acha que esses desentendimentos
podem, aliás, interferir nas Olimpíadas?
Rodrigo
Maia: Olha, quem fez o Panamericano? Vocês
lembrem: César Maia com Lula, adversários
políticos. E o Panamericano gerou as Olimpíadas.
Não há problema nenhum. O que nós
não podemos é fazer uma equação,
uma política aonde o alinhamento político
é o que resolve. Eu quero lembrar, o alinhamento
político no passado foi feito na ditadura, então
vamos dar aos cariocas o direito de escolher as melhores
propostas. É claro que a presidente Dilma e o governador
Sérgio Cabral não vão prejudicar
a cidade, porque o carioca, não sou eu não,
quem vai escolher são vocês. Será
que a decisão de vocês tem que ser aquilo
que quer o Sérgio Cabral, nessa política
autoritária? Não. Você vai ter o direito
de escolher, porque nós vivemos em uma democracia.
E você escolhendo, pode ter certeza, que as minhas
parcerias com a presidente Dilma e com o governador Sérgio
Cabral, serão administrativos. O que a gente não
pode aceitar é que nos últimos anos o governo
do estado do Rio fechou sete mil leitos no estado do Rio
de Janeiro, por isso que a saúde piorou tanto na
nossa cidade.
Edmilson
Ávila: Já que o senhor está
falando de saúde, o atual prefeito construiu 66
clínicas da família, promete, caso seja
reeleito, construir mais 70. Se o senhor for eleito no
lugar dele, o senhor vai construir estas 70 clínicas
ou o senhor vai parar?
Rodrigo
Maia: Olha, a gente vai colocar para funcionar
o que não funciona. São 66, você sabe
que não funciona.
Edmilson
Ávila: Mas o senhora vai continuar construindo
ou o senhor para de construir.
Rodrigo
Maia: Vamos lá, uma coisa de cada vez.
O cidadão tem reclamado muito. Não adianta
construir, se não tem médico. Precisa de
médico, é isso que é nossa prioridade,
contratar 3 mil novos profissionais de saúde. Você
pode ter certeza que muita coisas que o Eduardo diz não
são verdades. Por exemplo, ele disse outro dia
no debate que 2.5 milhões de pessoas já
foram atendidas na clínica da família. Como
é que pode se o número de pessoas que não
tem plano na cidade é exatamtente de 2,4 milhões.
Se ele tivesse atendido 2,5 milhões, todos os cariocas
teriam sido atendidos. Você foi atendido por algum
médico da prefeitura hoje ou você bateu na
porta da UPA e depois bateu na porta da clínica
da família e deixou de ser atendido? Essa é
a verdade.
Edmilson
Ávila: Candidato, claramente, o senhor
vai continuar ou não?
Rodrigo
Maia: Eu vou primeiro contratar médico,
primeiro eu vou contratar 3 mil profissionais para que
os hospitais que estão abandonados, que as pessoas
estão no meio dos corredores, possam ser atendidas.
Edmilson
Ávila: Candidato, o senhor não
vai construir novas clínicas?
Rodrigo
Maia: Eu vou coloca para funcionar...
Edilson
Ávila: Candidato, claramente, o senhor
não vai construir novas clínicas?
Rodrigo
Maia: Eu não posso construir algo se o
que existe não funciona, Edmilson. Não funciona.
Eu peço a você, se quiser vamos juntos, não
funciona a clínica da família. Hoje você
vive em um ping-pong. O hospital te manda para a Clínica
da Família, que te manda pra UPA, que te manda
de volta para o hospital. Você está sendo
desrespeitado. No meu governo, nós vamos contratar
servidores. Você vai ser atendido com hora marcada
para exames e para consulta.
Ana
Paula Araújo: Candidato, vamos falar de
uma outra questão importante aqui: saneamento em
favelas. Na gestão César Maia, a prefeitura
pediu para assumir esta responsabilidade pelo saneamento
nas favelas e o que se vê até hoje é
muito esgoto a céu aberto, pouco avançou,
pouco foi feito, tanto que a Cedae retomou este trabalho
nas favelas pacificadas. Sua proposta é a prefeitura
assumir de fato e fazer o saneamento nas favelas ou voltar
tudo para Cedae.
Rodrigo
Maia: O Favela Bairro vai voltar. O Eduardo acabou
com o Favela Bairro. Você, que mora em comunidade,
sabe. Seiscentos mil cariocas foram atendidos, mas infelizmente
o resto ficou sem atendimento. Nós vamos voltar
com o Favela Bairro. Nós queremos que o estado
cumpra seu papel. Centenas de estações de
tratamento... Eu fui à comunidade do Piraquê.
Em Pedra de Guaratiba, tem lá uma estação
pronta, parada há quase quatro anos. A gente não
pode esquecer que o Eduardo já é prefeito
há quase quatro anos e não fez nada. O que
eu quero? Eu quero, já que o saneamento da Zona
Oeste foi municipalizado, nós precisamos que a
Cedae também municipalize o saneamento e a água
da Zona Sul. Porque na Zona Sul dar lucro e com o lucro
da Zona Sul do saneamento e da água, nós
vamos financiar o saneamento das pessoas que mais precisam.
Porque é assim que se faz política. Aqueles
que têm uma situação melhor, como
na Zona Sul, onde o saneamento já está constituído,
onde há lucro da Cedae, esse lucro precisa voltar
para as pessoas que mais precisam. Fora o Favela Bairro,
que é financiado pelo Bid, que vai voltar, e as
comunidades vão voltar a ter saneamento feito pela
prefeitura.
Edmilson
Ávila: Candidato, vamos falar de transporte
agora.
Rodrigo
Maia: Vamos.
Edmilson
Ávila: O senhor diz no seu programa de
governo, o senhor afirma nele, que vai permitir que o
transporte alternativo use a faixa seletiva.
Rodrigo
Maia: Isso.
Edmilson
Ávila: Nós podemos concluir, então,
que as vans vão poder usar os corredores do BRS,
no Centro, na Zona Sul, Zona Norte, quando chegar?
Rodrigo
Maia: Isso. Transporte alternativo: respeito
à lei 3360, que foi feita no governo César
Maia, que está sendo desrespeitada. Vocês
estão sendo humilhados, agora o Eduardo diz que
é amigo das kombis e vans. As kombis e vans têm
um papel importante porque à noite...
Edmilson
Ávila: Vão usar as faixas?
Rodrigo
Maia: À noite, Edmilson... Vão
usar as faixas. À noite, você sabe que os
ônibus somem e que sobra para cada um de vocês
andar são as vans. Então, nós vamos
respeitar a lei 3360, as quase 6 mil licenças que
foram dadas, ponto de embarque e desembarque e, sim, no
BRS, eles têm direito de participar. Porque eles
são transporte por lei.
Edmilson
Ávila: Perdão, candidato, nós
consultamos dois especialistas, um da PUC e um da Universidade
Federal do Rio de Janeiro, e os dois dizem a mesma coisa:
vai diminuir a velocidade dos ônibus, e que van
não é para fazer trajeto longo, é
para fazer trajeto curto, para servir como alimentador.
O senhor não vai atrapalhar os ônibus, não
vai atrapalhar a população?
Rodrigo
Maia: Quem atrapalha você é o ônibus,
que às 6h da manhã, coloca pouco ônibus.
Que quando coloca nos trechos mais longos, as empresa
de ônibus somem com os ônibus a R$ 2,75 e
pôe o ônibus com ar condicionado a R$ 8, R$
9, é isso que acontece hoje no Rio de Janeiro.
As empresas de ônibus é que desrespeitam
os passageiros. Vão passar a respeitar, porque
nós cobrar firme as empresas de ônibus, para
que elas passem a respeitar. Aliás, as empresas
de ônibus são talvez o único segmento
nessa cidade que não paga imposto. O ISS das empresas
de ônibus é R$ 0,01. É um escândalo.
Então, vamos auditar as empresas de ônibus
e vamos trabalhar, sim, integrado: ônibus e van.
E, no futuro, nós vamos botar dinheiro, porque
no futuro o que nós queremos é que os trens
e metrôs passem a funcionar com qualidade nessa
cidade.
Ana
Paula Araújo: Candidato, nosso tempo está
quase acabando, queria fazer uma última pergunta
aqui para o senhor. Ninguém administra nada sozinho,
o senhor pretende convidar seus aliados, Anthony Garotinho,
Rosinha Garotinho e César Maia, para algum cargo
num possível governo seu, para ser parte do seu
secretariado.
Rodrigo
Maia: Olha, a governadora Rosinha, a prefeita
Rosinha vai ser reeleita com mais de 70% dos votos em
Campos, então...
Ana
Paula Araújo: Na verdade, há uma
dúvida sobre a candidatura dela, né? Ela
foi impedida e está com uma liminar para disputar.
Rodrigo
Maia: Eu acho que essa é uma questão
da Justiça, não é política.
Ana
Paula Araújo: E os demais? César
Maia e Anthony Garotinho?
Rodrigo
Maia: O governador Garotinho é deputado
federal, tem o cargo, e o César Maia vai ser vereador
da cidade, e vai dar uma contribuição. Agora,
vocês podem ter certeza, que todos que prometem
aumento para servidores, não têm a equipe
que nós temos...
Ana
Paula Araújo: Então eles não
serão seus secretários?
Rodrigo
Maia: A equipe que nós temos com César
Maia, na área de finanças, que garantiu
aumentos reais, olha, vou lembrar aqui, no governo César
Maia os professores ganhavam, o aumento real era o dobro
do que o aumento que Eduardo dá. Então nós
vamos ter uma equipe, independente das pessoas, uma equipe
que vai de fato valorizar o servidor público.
Ana
Paula Araújo: Candidato, já estamos
aí, passamos dos 12 minutos, dentro do tempo de
tolerância, muito obrigado pela presença
aqui no RJ primeira edição, boa sorte aí
na campanha.
Rodrigo
Maia: Muito obrigado.