MPT
vê irregularidade em contratação de
cubanos pelo Mais Médicos
O
Ministério Público do Trabalho (MPT) vai
questionar a contratação dos médicos
cubanos para o programa Mais Médicos. O procurador
José Lima Ramos Pereira, coordenador nacional de
Combate às Fraudes nas Relações de
Trabalho, afirmou nesta sexta-feira que o órgão
aguarda a concretização dessas contratações
para que se esclareça como será o pagamento
desses profissionais. O procurador avalia que, no entendimento
do MPT, a importação dos médicos
cubanos contraria as leis trabalhistas e a Constituição
brasileira.
—
No momento em que tiver a forma que vai ocorrer (a contratação),
o MPT vai ter de adotar as medidas cabíveis, como
abertura de inquéritos onde tiver o trabalho, e
investigações, até possibilidade
de ajuizar ação civil pública. Ou
podemos ainda fazer uma atuação nacional
— disse Pereira.
O
principal argumento do MPT que justificaria a abertura
de procedimentos contra a vinda de cubanos para trabalhar
no Brasil é a forma de contratação
– via a Organização Pan-Americana
de Saúde (Opas) e o governo cubano.
O
governo ainda não deu informações
conclusivas sobre como será feito o pagamento dos
médicos cubanos e o salário. Ontem, o secretário
de Vigilância em Saúde do Ministério
da Saúde, Jarbas Barbosa, disse que os médicos
cubanos deverão ganhar o mesmo valor que recebem
em Cuba. Mas à noite, em entrevista ao “Jornal
Nacional”, o ministro da Saúde, Alexandre
Padilha, disse que os cubanos terão um padrão
de remuneração superior ao que têm
no próprio país.
—
A forma que a legislação hoje admite para
essas contratações é o concurso publico,
ou numa excepcionalidade, outras formas. Mas a forma que
o governo quer fazer, ainda mais com a participação
da Opas e do governo cubano, torna mais complicada essa
prática, com essa forma de contratação
e de pagamento pelo trabalho entre governos. Isso fere
a CLT e a Constituição – avalia.
Segundo
o procurador, o MPT agora aguarda a chegada dos primeiros
médicos, e o pagamento da remuneração,
para decidir qual será a conduta a tomar. Pereira
afirma que provavelmente primeiro será buscado
um acordo, para que o governo mude a forma de contratação,
e que se isso não for aceito, o MPT deve entrar
com ação na justiça.
—
Vamos esperar isso se concretizar e se teremos uma denúncia.
Com isso, geralmente se chama a parte e tenta convencer
que é irregular, tenta-se buscar um Termo de Ajustamento
de Conduta. Ou levaremos para o Judiciário —
concluiu.
Os
primeiros 400 médicos podem vir de Cuba em aviões
da FAB. A chegada está prevista para este fim de
semana.
Fonte:
http://zip.net/bxkKNc