Museu da Maré é reconhecido com atração turística do estado
Os visitantes e os beneficiários das atividades oferecidas pelo Museu da Maré têm motivos para ficar mais tranquilos. O prazo do comodato da ONG que administra o espaço com a proprietária do imóvel, a Cia. Libra de Navegação, que terminou nesta quarta-feira, foi prorrogado por 90 dias. Além disso, o museu, inaugurado em 2006, foi reconhecido, nesta quarta, como atração turística prioritária do estado do Rio. O título, concedido por aclamação em reunião do Conselho Estadual de Turismo, oficializa a entrada do museu na roteiro turístico do estado.
— O reconhecimento do Museu da Maré como atração turística prioritária do estado o deixa com status equivalente ao Pão de Açucar, ao Corcovado e a outros ícones do turismo. A principal consequência é que ele vai passar a receber investimentos do estado em divulgação, promoção e apoio, por exemplo — salientou o secretário estadual de Turismo, Claudio Magnavita.
A Cia. Libra de Navegação havia solicitado a retomada do terreno para esta terça-feira. Mas, por intermédio de negociações com o governo, a empresa decidiu prorrogar o contrato. O Museu da Maré realiza ações voltadas para o registro, preservação e divulgação da história das comunidades da região, além de oferecer atualmente oficinas para 300 crianças e adolescentes.
— Fizemos ação concretas para evitar o fim do museu. No dia 25 de novembro, o Diário Oficial publicou uma resolução criando um grupo de trabalho para cuidar do problema. O grupo tinha 15 dias para apresentar uma solução. Conversamos com o proprietário da empresa e recebemos hoje (terça-feira) uma carta dele com a prorrogação. Agora, vamos estudar alternativas jurídicas disponíveis para manter essa atração turística. Temos até o dia 10 de março de 2015 para a escolha de uma solução definitiva — afirmou o secretário de Turismo.
No próximo dia 12, o Museu da Maré receberá uma premiação do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), na categoria Personalidades do Ano, na 52ª edição da Premiação Anual da entidade. E no dia 20 será lançado no próprio museu, que fica na Rua Guilherme Maciel 26 (na altura da Passarela 26 da Avenida Brasil), um folheto turístico sobre a instituição. Patrocinado pela Secretaria estadual de Turismo, o folheto será divulgado durante um evento de confraternização reunindo representantes do setor, como a Associação Brasileira dos Agentes de Viagem (Abav), a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH) e a Associação de Jornalistas de Turismo. Haverá distribuição de presentes de Natal para crianças e sorteios de brindes.
Segundo Magnavita, um estudo da Fundação Getúlio Vargas mostra que a maior curiosidade dos turistas que visitam comunidades é sobre a história das favelas.
— No ano passado, o Museu da Maré foi o mais visitado durante o Congresso Mundial de Museu. Todos os empresários do setor ficaram muito interessados em saber como foi implantar um trabalho tão rico numa região tão carente — observou o secretário.
Existe o projeto de instalar, já no primeiro trimestre do ano que vem, totens com informações sobre a história da comunidade. Para o coordenador do museu, Antônio Carlos Vieira, a medida adotada pelo governo foi um ganho para a comunidade e para o resgate da história da Maré.
— Acho que foi uma medida que nos dá mais possibilidade de abrir diálogo sobre a questão. Estávamos com um prazo muito apertado e precisaríamos fechar o museu. Não conseguimos lugar para ir. Na Maré, não há espaço compatível com o que a instituição necessita. Foi lá que começou o núcleo de ocupação da Maré. O museu vem recuperar uma história, resgatar a memória dos moradores. Ao invés de vergonha, os moradores passam a ter orgulho do lugar onde vivem quando saber a história daqui. Gera um sentimento de pertencimento a todos e isso, para a garotada, especialmente, é muito bom, pois enobrece — disse Vieira.