Texto:
Reinaldo de Jesus Cunha
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As
eleições de 07 de outubro se aproximam, sem que
saibamos como a sociedade organizada vai participar das discussões
da vida política, da Administração Publica
Municipal.
Escolher um bom governante neste momento em que se desenha a possibilidade
de não haver segundo turno, conforme divulgação
da ultima pesquisa, Ibope, encomendada pela Rede Globo, entre
os dias 22 a 24 de setembro. A pesquisa revelou que: “o
prefeito Eduardo Paes, candidato à reeleição
pelo PMDB, mantém a preferência do eleitorado, com
52% das intenções de voto, e o candidato Marcelo
Freixo (PSOL) registrou ligeiro crescimento em relação
à pesquisa anterior e passou dos 14% obtidos na última
pesquisa para 17%”. Freixo, e os demais candidatos a Prefeito
da oposição, precisam crescer mais nas pesquisas,
para que provoque o segundo turno.
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Segundo
a mesma pesquisa, os outros candidatos estão ainda, bem abaixo
do percentual necessário, para que não haja o segundo turno,
se não vejamos: O Ibope, apontou que: Rodrigo Maia, candidato do
DEM, manteve a terceira colocação, com 4% da primeira pesquisa.
Otavio Leite, do PSDB, segue em quarto, com 3% de intenções
de voto. Aspásia Camargo, do PV, caiu de 2% para 1%. Fernando Siqueira
(PPL) manteve-se em 1%. Cyro Garcia (PSTU) e Antônio Carlos (PCO)
não pontuaram.
Traduzindo os números, podemos dizer que estamos outorgando ao
vencedor no primeiro turno, o direito de decidir a gestão publica,
sem que saibamos que mudança concreta vai haver após o dia
07/out, próximo, para a escolha dos novos Administradores Regionais,
dos Chefes de Órgãos Locais, e da participação
da população nas decisões do governo.
Olhando
para o candidato governista, Eduardo Paes, com grande possibilidade
de reeleição no primeiro turno. Vimos, que de alguma
forma, a sociedade civil, participou pouco das decisões
do governo, a não ser: através dos Conselhos Deliberativos,
como: CMAS/RJ (Conselho Municipal de Assistência Social),
CMDCA, (Conselho Municipal da Infância e do Adolescente,
cultura, urbanismo, terceira idade e outros.
Órgãos,
sem muita “expressão política” sem relevância
na gestão municipal, relativas as prioridades dos gastos
do governo, ai incluído as grades obras, BRT, Porto Maravilha
, demolição da Perimetral e por ai vai.
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Por
outro lado, cabe se perguntar: para que servem esses “conselhos
deliberativos”, funcionam de verdade ou é mero instrumento
de cooptação de lideranças, através das chamadas
ONGs, (organizações não governamentais), ou tem caráter
de controle social? Sim, porque é muito pouco o que esses conselhos
fazem, na pratica: na sua maioria, ”votam em projetos do governo
e verbas carimbadas pelo governo federal”.
Mas o que muda na aliança, na chapa governista com a incorporação
da proposta do PT (Partido dos Trabalhadores), do Orçamento Participativo?
Haverá consulta ao funcionalismo e a sociedade das prioridades
dos gastos públicos, da maquina municipal?
Como estamos em período eleitoral, temos que estudar e verificar
o que “os atores candidatos” defendem ao pleitearem um mandato
legislativo e também do executivo. Uma coisa é antes das
eleições, outra coisa é estar diplomado, não
precisar mais do voto e trair os compromissos assumidos em praça
publica.
O atual prefeito Eduardo Paes, tem apoio de mais 20 partidos políticos,
com uma carta compromisso de governar com a base aliada. Por outro lado,
lutando para chegar ao segundo turno, Marcelo Freixo, com grande apoio
da juventude e da classe média, propõe governar com os chamados
“Conselhos Populares”.
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Mas
como será que a atuação desses “Conselhos
Populares”, defendido por Freixo. Será contraponto
a atuação dos vereadores? Será que os Conselhos
Populares protagonizará uma mudança de paradigma
na pratica política hoje existente?
Segundo Freixo, em entrevista dada ao jornal online da ASFUNRIO,
“Maré na TV”, afirmou: “vamos governar
através dos Conselhos de Políticas Públicas,
através da sociedade civil organizada. O papel da CMRJ
é fiscalizar o executivo, não é abrir centro
social para agradar vereadores com acontece hoje".
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De
olho no passado, o candidato a vereador e Ex. Prefeito, Cesar Maia,
corre com aliança com Garotinho, para eleger seu filho Rodrigo
Maia e Clarissa Garotinho, propondo mudança na Administração
Municipal.
Maia,
segundo “algumas fontes”, criou diversos quadros políticos,
os chamados “emergentes”, ao premia-los com cargos de
primeiro escalão, inclusive nomeando o atual Prefeito, Eduardo
Paes, na sua gestão, como Ex. Subprefeito da Barra e Ex.
Secretário Municipal de Urbanismo. |
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Na
verdade, os cargos de Subprefeitos e Administradores Regionais, têm
servido para premiar os “cabos eleitorais de luxo”, a base
aliada uma vez que permite a estes “novos quadros”, desconhecido
até então da população, vir candidato a vereador
ou mesmo prefeito, com um extenso currículo político. Segundo
Freixo, a população desconhece em quem votou nas ultimas
eleições devido à quantidade de partidos políticos.
Segundo Freixo: “duvido que você conheça o nome de
15, dos 51 vereadores que foram eleitos, ninguém sabe. A população,
o poder público precisa mudar essa CMRJ. A relação
com a CMRJ, será através dos Conselhos de Politicas Publicas,
vai ser através da sociedade civil organizada, fazendo que a CMRJ,
possa trabalhar”, concluiu.
Em face desses argumentos nos perguntamos: a sociedade carioca gosta de
votar em quem já passou pela “administração
publica” como gestor?
É possível diagnosticar quantos candidatos hoje, ocuparam
cargos e foram instrumentalizados pela “administração
publica”, incluindo assessores, secretários?
A sociedade civil esta atenta às mudanças defendidas pelos
candidatos a vereança e a Prefeito? Haverá eleições
diretas para escolha dos Administradores Regionais.
Os
funcionários municipais serão privilegiados na escolha dos
cargos comissionados, plano de cargos e salários e gratificações?
Haverá espaço para o cidadão do povo, participar
das decisões do governo ou não mudando nada, ou seja: tudo
fica com está?
Quem tem mais votos recebera de presente as Administrações
Regionais, cago de Secretário Municipal, e estará a serviço
do seu curral eleitoral?
Pelo visto, essa discussão esta longe de terminar, requer ainda,
estudo ou mesmo, mudança de paradigma na busca da maior transparência
dos gastos públicos.
Por que os governantes têm medo da participação do
povo na escolha dos Administradores Regionais, incluindo cargos comissionados?
São várias as respostas, porém, nos cabe fazer uma
reflexão sobre a criação das RAS, (Região
Administrativas), e o que norteou a proposta dos seus idealizadores.
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Baseadas
nas experiências de “Paris, Nova York, Londres”,
o Ex. Governador Carlos Lacerda, nos tempos idos dos anos 60, do
antigo Estado da Guanabara, criou as Administrações
Regionais.
Segundo
o Ex. Ministro Hélio Beltrão: “o objeto era
descentralizar a maquina publica, para cidade com até duzentos
mil habitantes”.
Segundo
ele, era impossível governar a cidade, do gabinete sem conhecer
os problemas dos bairros, sem uma descentralização
administrativa e orçamentária. |
Os primeiros Administradores Regionais a ocupar o cargo de Administrador
Regional, foram “funcionários de carreiras” que possuíam
conduta ilibada. Nessa época, os Administradores Regionais, contavam
com uma espécie de “orçamento local” para resolver
pequenas obras de emergência na localidade. Uma espécie de
“tapa buraco”, com o apoio dos órgãos e gestores
locais. Os primeiros Administradores Regionais nomeavam até o “delegado
de policia”, chefes locais e gozava de grau superior na hierarquia.
As funções dos secretários de estado eram eminentemente
técnica e não política, como ocorre atualmente.
Em
1985, com o restabelecimento das eleições diretas para prefeitos
das capitais, Saturnino Braga foi lançado pelo PDT para disputar
a prefeitura do Rio de Janeiro, sendo eleito com quase 40% dos votos.
Do seu legado, podemos citar a criação dos (CGCs), Conselho
Governo Comunidades, que segundo ele: o objetivo era a descentralização
administrativa, ouvindo a população no local, através
dos órgãos locais.
Segundo
o Ex. Prefeito Saturnino Braga, em entrevista concedida a Antonio
Agenor de Melo Barbosa, em 06 de Janeiro de 05, sobre o papel
das RAS, dissera na ocasião: “Num momento em que
ainda não se falava em orçamento participativo e
nem de participação do cidadão na condução
da gestão pública. Criei em cada Região Administrativa
um conselho “Governo – Comunidade” que sentava
junto com a Prefeitura e participava do processo de tomada de
decisões.
E
eu pedia aos meus Secretários e colaboradores que fossem
a estas reuniões e eu mesmo participei de muitas delas
e ouvia pessoalmente as críticas e sugestões da
comunidade. E eu considero que esta foi uma iniciativa importante
para se definir a hierarquia e a prioridade dos investimentos
urbanísticos em cada área”.
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O
Certo é que com a falência da Prefeitura em 1988, morreu
também os chamados, (CGCs), Conselho Governo Comunidade. Embora
também não houvesse eleição direta para escolha
do mesmo. Saturnino, inovou mobilizando as Bases do PDT (Partido Democrático
Trabalhista), que indicavam os Administradores Regionais, através
de eleição das Zonais, do partido, mobilizando a sua massa.
A única exceção foi a Maré, que escolheu o
seu primeiro Administrador Regional, em 1987, por consenso entre as lideranças
de Associação de Moradores e Comerciantes. A primeira Administradora
Regional foi a Maria Carmo, ex. presidente da Associação
de moradores da Vila Pinheiros, que governou por um período de
um ano.
Concluindo, o que foi importante ontem requer uma pesquisa, uma analise
aprofundada. O importante é falarmos do que vai ocorre hoje, daqui
para frente. Quem sabe agora com as eleições em 07 de outubro,
ainda possamos ouvir dos candidatos, dos postulantes ao cargo de Prefeito,
o que muda com o sufrágio das urnas. Será que o novo prefeito
vai dotar as Regiões Administrativas de poder político,
com orçamento participativo. Terão as RAS, papel relevante,
ou continuaram sendo meros currais eleitorais, “dos cabos eleitorais
de luxo”, enganando a população?
“O futuro a Deus pertence”, diz o ditado popular. Vamos ver
os novos capítulos que se aproximam com ou sem segundo turno, aguardem?
Texto: Reinaldo Cunha
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